O Realismo no Brasil teve seu início, oficialmente, em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de seu mais célebre autor, Machado de Assis. Esta escola só entra em declínio com o surgimento do Parnasianismo, por volta de 1890.
Com a introdução do estilo realista, assim como do naturalista, o romance, no Brasil, ganhou um novo alcance, a observação. Começou-se a escrever buscando a verdade, e não mais para ocupar os ócios dos leitores.[1]
Machado de Assis, considerado o maior expoente da literatura brasileira e do Realismo no Brasil, desenvolve em sua ficção uma análise psicológica e universal e sela, portanto, a independência literária do país.
Contexto histórico do Realismo no Brasil
No Brasil do Segundo reinado (de 1840 a 1889), impera o conhecido "parlamentarismo às avessas", quando o Imperador D. Pedro II escolhe o senador ou o deputado para o cargo de primeiro-ministro, com a complacência do Partido Liberal e do Partido Conservador, que se revezavam no poder, sempre segundo os interesses da oligarquia agrária.[2]
No campo da economia, o Brasil, na metade do século XIX, ainda mantinha uma estrutura baseada no latifúndio, na monocultura de exportação com mão-de-obra escrava voltada para o mercado cafeeiro.[2]
Por volta da década de 1870, no entanto, as oligarquias agrárias, que até então "davam as cartas" na economia e na política do país, sofrem pressões internacionais para o desenvolvimento do capitalismo industrial no Brasil, no sentido de um processo de modernização que se dá lentamente. Inicialmente, pela proibição do tráfico negreiro. Com isso cresce a mão-de-obra imigrante, desenvolve-se a indústria cafeeira no interior do estado de São Paulo e ferrovias são construídas. Ao longo dos trilhos, concentram-se as fábricas que dão origem à classe média urbana, que se insatisfaz com a falta de representatividade política.[2]
Essa classe, apóia-se no Exército e aceita a liderança dos cafeicultores paulistas, responsáveis pelos trabalhadores assalariados no país e defensores de mudanças estruturais, como a substituição da Monarquia, já desgastada e reacionária, pela República.[3]
A Proclamação se dá em 1889, porém, a República não atenderia as ambições da classe média e dos militares. Então, representantes das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais passam a controlar o Estado brasileiro, por meio de uma aliança entre seus governadores que ficou conhecida como "Política do café-com-leite".[4]
O Brasil da época é um país com idéias liberais, republicanas, "modernas", no entanto, tem que conviver com uma estrutura político-econômica oligárquica, agrária, latifundiária e coronelista.[4]
Da Europa foram trazidas algumas idéias, entre elas o positivismo de Auguste Comte, o determinismo histórico de Taine, o socialismo utópico de Proudhon e o socialismo científico de Karl Marx, o evolucionismo de Darwin e a negação do Cristianismo de Renan.[5]
Na segunda metade do século XIX, o Brasil passou por mudanças políticas e sociais marcantes.
O tráfico de escravos foi extinto e a abolição da escravatura ocorreu em 1888. A falta da mão-de-obra escrava foi substituída pelo trabalho dos imigrantes europeus.
Por causa do preconceito e da qualificação européia para o trabalho assalariado, o negro foi marginalizado socialmente.
A economia açucareira estava em decadência, enquanto o eixo econômico deslocava-se para o Rio de Janeiro, devido ao crescimento do comércio cafeeiro nessa região.
A evolução na indústria trouxe tecnologia às empreitadas do governo: a primeira estrada de ferro foi construída em 1954 (ligava o Porto de Mauá à raiz da Serra da Estrela) e logo depois, a Estrada de Ferro Central do Brasil.
Em 1889 foi proclamada a República pelo partido burguês Republicano Paulista (PRP), com a posse do primeiro presidente, o marechal Deodoro da Fonseca.
Em meio às questões sociais, econômicas e políticas pelas quais o Brasil passava, a literatura reagia contra as propostas românticas com o surgimento do Realismo sob influência do positivismo.
O positivismo, chegado da França, era uma corrente filosófica que tinha como fundamento analisar a realidade. Logo, as produções literárias do Realismo no Brasil, como o próprio nome já diz, estão voltadas à realidade brasileira.
Podemos apontar algumas características da literatura realista em oposição à romântica: os cenários (focados em centros urbanos); a natureza não mais vista como reflexo dos sentimentos, mas dando vazão ao ambiente social; o amor visto de maneira irônica, sem exaltações, o casamento realizado para fins de ascensão social; o trabalho como parte da vida cotidiana das personagens.
O Realismo no Brasil pode ser dividido entre as produções em prosa e poesia, nas quais se destacam os autores: Aluísio Azevedo, Raul Pompéia e Machado de Assis.